segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

o Próximo e o Si Mesmo

Desde ontem não sinto fome. Satisfeita, sem me sentir empanturrada, me peguei pensando sobre os mandamentos cristãos. É, eu sei, parece estranho que eu pense a respeito, mas eu penso bastante até.
Quando Jesus foi questionado sobre os mandamentos de Móises, ele simplificou a vida dos cristãos, sintetizando os dez em dois mandamentos: amar a deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amar a deus sobre todas as coisas já é bastante difícil, porque Deus, o Transcendente, fica lá no céu, e aqui na terra, a gente acaba amando muitas outras coisas. Mas amar ao próximo como a si mesmo... aff, é muito mais! Porque, diferente de Deus, o Transcendente, o Próximo tem pele, cheiro, voz, tato. E ele ri e põe a mão na nuca, e faz cara de mau. O Próximo é um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos, que causam no Si Mesmo, que também é um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos, uma série de reações adversas e caóticas. E às vezes o sujeito ama a Deus, o Transcendente, com todo o coração, e com toda a vontade e o entendimento, e se lança, inocente, a amar o Próximo como a si mesmo. Mas alguma coisa acontece, e o que era pra ser expressão de amor, magoa, porque afinal, o Si Mesmo se exprime através de um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos. E eu acrescentaria, ainda, com memória. E o Próximo, então, a quem o sujeito ama tanto, se vai triste e sem olhar pra trás...

sábado, 24 de novembro de 2007

ondas sísmicas

Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas, em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
(Mário Quintana)

Ultimamente minhas palavras andam mudas. Sentada diante da encruzilhada há meses, começo a irritar-me. Tenho ânsia de salto, mas não ouso... acho que essa frase não é minha.
Meus sismógrafos começam a registrar as primeiras ondas. Com o coração alerta, espero.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

o tempo

"O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor;
embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento;
sem medida que o conheça,
o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim;
rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas,
e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas;
rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo,
aproximando-se dele com ternura,

não se rebelando contra o seu curso,
brindando-o antes com sabedoria

para receber dele os favores e não a sua ira;
o equilíbrio da vida está essencialmente neste bem supremo,
e quem souber com acerto a quantidade de vagar,
ou a de espera, que se deve pôr nas coisas,
não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é,

pois só a justa medida do tempo, dá a justa natureza das coisas.”

(do filme LavourArcaica)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

alice no país das maravilhas

ALICE: Hum, vamos ver que caminho tomar...
GATO
: Perdeu Algo?
ALICE:
Oh, não, não, isto é, estava pensando...
GATO:
Faz muito bem pensar.
ALICE:
Obrigada, mas eu só queria saber que caminho tomar.
GATO:
Isso depende do lugar onde quer ir...
ALICE:
Relamente não importa, desde que eu...
GATO:
Se pensa assim, não importa que caminho tomar.
(...)

Solilóquio de Alice

ALICE: Vou para casa. Esse coelho, o que me importa onde vá! Chega por hoje. Se eu vim por aqui, irei por aqui. Meu Deus, será que vou chegar a sair daqui? Está ficando escuro, onde é que eu estou? Seria tão bom se tudo voltasse a ser como era antigamente... Estou perdida. Mas se eu parar ficarei no mesmo lugar e sem fazer nada. Então preciso escolher um caminho. Se eu tiver juízo, paciência... mas esperar me deixa tão curiosa... Sei que nunca sigo as coisas que me ensinam... os bons modos. Talvez nada disso teria acontecido. É preciso ter juízo.

(Carroll, Lewis. Alice no País das Maravilhas)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Cântico VI

(foto de sebastião salgado)

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.
(cecília meireles)

domingo, 4 de novembro de 2007

porque o que vem é melhor

“Um brinde ao que passou, porque o que vem é melhor. Sua frase favorita me sai de repente e aconchega. Uso-a como se fosse minha. Talvez seja. Nossos olhos são os mesmos, deve ter mais coisas que também são. O gosto pelo agridoce e a capacidade de incendiar de risos um espaço com gentes, certamente. E embora eu saiba que possuir esse dom tem um preço amargo, não reclamo. Uma certa melancolia é até bom para cozinhar.”
(papel manteiga para embrulhar segredos)

Amo mesmo. Não vejo porque não confessa-lo.
Hoje não tenho medo nem da solidão, nem da morte, nem da dor. Digo hoje porque esse é um depoimento muito sério para proferi-lo para todos os dias que me restam, prefiro ponderar cotidianamente minha disposição. Todavia, não desejo a morte ou o sofrimento desnecessário. Quanto à solidão... a gente tem se dado bem!

Depois de um longo tempo, vou cozinhar. Vou cozinhar porque amo e quero viver de amor. Vou cozinhar para saudar o que passou.

Papel Manteiga para Embrulhar Segredos, de Cristiane Lisboa, foi o melhor livro que li esse ano. Nota-se pela quantidade de vezes que já o citei aqui! E olha que esse foi um ano de uma safra extraordinária de leitura. É forte e feminino. Não como “Maria, Maria” do Milton Nascimento, por exemplo. Aquela mulher desgraçada que sofre tanto que nem “vive, apenas agüenta”. Chega dá pena de ser mulher! Não, não. Antônia, a protagonista, é forte e feminina, ao mesmo tempo livre e pulsante. E tem “graça”, “gana”, “raça” e “sonho” sem os imperativos.
Adoro ser mulher. E não gosto nem um pouco da crença amplamente difundida que mulheres sofrem melhor. Conversa da mentalidade patriarcal! Como Antônia, entendo que sexo é político, mas não preciso fingir que não tenho esse sentimento de servir sabor a quem eu amo. E sofro deveras quando isso não me é permitido.

Mas já chorei as lágrimas necessárias. Por isso hoje estou cozinhando, porque me recuso a negar sabor a outros amores.

Filé com Porto e Cebolas Douradas*

Ingredientes:

4 medalhões de filé mignon
2 cebolas médias fatiadas bem finas e uniformes
2 xícaras de vinho do Porto
2 colheres de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de manteiga
Azeite para untar
Sal e pimenta do reino

Modo de Fazer

Em uma frigideira, unte os medalhões com azeite e frite em fogo bem forte apenas para dourar todos os lados e prender os sucos da carne. Transfira a carne para uma assadeira e leve ao forno médio para continuar o cozimento. Na frigideira usada para fritar a carne, coloque o vinho do porto e ferva até ficar grossinho. Enquanto isso, em outra panelinha, derreta a manteiga e doure as cebolas, adicionando o açúcar quando estiveram transparentes. Mantenha o fogo médio baixo, mexendo de vez em quando até adquirirem um dourado bem lindo. Retire os filés do forno no ponto do cozimento desejado, mau ou bem passado, tempere com sal e pimenta moída na hora e sirva com um pouquinho do vinho por cima e as cebolas bem douradas ao lado.

*receita de Tatiana Damberg, retirada do livro Papel Manteiga para Embrulhar Segredos, de Cristiane Lisboa. Editado pela Memória Visual em 2006 (procurei no livro aquele aviso “todos os direitos reservados, blábláblá...”, dizendo que nenhuma parte pode ser reproduzida, e não achei).

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

post obscuro

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: 'Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência."

(...)

Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que responderias: 'Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!' Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa:

‘Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?’
Pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?”

(Nietzsche. A gaia ciência)



Ela estava lá, diluindo-se em comiseração.

Pensava em todo o trabalho que tinha pela frente. Pensava no hábito, que sintetiza o tempo. Pensava. Pensava na reminiscência erótica da Idéia platônica. E na repetição, que de tanto repetir, cria a diferença. E quem suporta a repetição? Ela suporta. Quadros de Francis Bacon lhe vinham à mente. Desejou ter consigo seu cd de Tristão e Isolda. Desejou ser mais sabida. Desejou ler Sartre. E Camus, e outros franceses. Desejou entender muitas coisas. Desejou. Olhou pela janela, repetindo o hábito. Pensou de novo na reminiscência erótica. Desejou mais um pouquinho.

Pensou em Jó; o da paciência!

Ela desejava tudo aquilo que ela desejava com toda a intensidade com que desejava cada coisa. Pensou na solidez de seu desejo. Desejo maciço. Alguém estava bêbado na rua, e fazia muito barulho e vomitava. Pensou na fragilidade do limite de cada coisa. E no limite das coisas sem limites. Imaginou a infinitude e a inquietude absoluta do puro mover-se-a-si-mesma. Eternamente. Desligou o abajur.

Compreendeu por um segundo.

Só existe diferença. E a repetição.

sábado, 20 de outubro de 2007

Einstürzende Neubauten - Stella Maris

É, o vídeo fica saindo todo da borda! Ele só quer se for assim, não consegui convence-lo que se fosse dentro dos limites ia ficar mais bonito, mais arrumadinho. Sabe o que ele me disse? "Teus limites são muito pequenos pro meu cabimento!" Pode??

Esse é o Einstürzende Neubauten, uma banda alemã. A primeira vez que vi esse clip foi num programa do Massari na MTV (há muito anos, porque eu sou do tempo do Lado B!). Fala de duas pessoas que se sonham, mas nunca se encontram...

Tenho pensado bastante nos desencontros da vida.
Um encontro é um evento muito especial e raro. Não acontece tanto assim como se costuma pensar. Um amigo, um amor, não se encontra em qualquer esquina. Pode-se construir relacionamentos robustos e belos com muitas pessoas, claro, mas não é disso que estou falando. Falo daqueles encontros que simplesmente acontecem... e daqueles que nunca acontecem...

De fato, o melhor sonho é aquele que se sonha acordado.

domingo, 14 de outubro de 2007

pó de estrela

“Já foi dito que é tão fácil deixar passar despercebida uma coisa grande e óbvia quanto ignorar um detalhe mínimo, e que as coisas importantes que passam sem ser notadas geralmente causam problemas.”
(Stardust)


domingo, 7 de outubro de 2007

P.S. do post anterior

P.S.: Tem-se a real noção do quão preocupada, agoniada e atarefada se está com a vida acadêmica quando a gente escreve um post com duas notas de rodapé!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A Avelã da Sabedoria - outras abordagens

Era noite na clareira do laguinho e o céu estava salpicado de estrelas, além do que se pode contar.
(...) Um rato do campo achou uma avelã caída e começou a roer sua casca dura (...), não porque estava com fome, mas porque era um príncipe encantado que não podia recuperar sua aparência original a não ser que comesse a Avelã da Sabedoria. Mas sua ânsia fez com que ele se descuidasse e só a sombra que brotava do luar avisou sobre a aproximação de uma enorme coruja cinzenta que pegou o rato com seu bico afiado e voou de novo em direção à noite.
(Neil Gaiman)

Ando muito preocupada, agoniada e atarefada com a vida acadêmica, por isso nunca mais tive tempo sequer de comer, avali* de cozinhar. Não tenho novas receitas, mas faz tempo que estou querendo inventar um post pra esse trecho de Stardust**, que reli ultimamente, antes dos meus prazos se esgotarem todos.

Como meus neurônios, já meio caducos, estão todos ocupados no momento com jesuítas, índios, epistemologias e afins, resolvi por no ar, mesmo sem receita adjacente, apenas pra chamar a atenção (sobretudo, a minha) sobre o quanto a ânsia pode ser desastrosa na vida!

Às vezes, uma situação é aparentemente tão absurda que se tem a tentação de achar que nada mais pode dar errado. Qual o quê! Nada, absolutamente nada, é tão ruim que não possa piorar. Suponhamos que a coruja não tivesse aparecido, e o príncipe, que devia ser uma peste quando era humano, nunca encontrasse a tal Avelã da Sabedoria? Ou ainda, que essa história de Avelã da Sabedoria fosse uma balela e não existisse? É possível cogitar muitas hipóteses nesse sentido. A coruja, então, o livrou de uma vida de frustração. Nesse caso, a situação absurda (estar encantado) foi potencializada (estar encantado e ser comido por uma coruja), mas, dadas as condições de possibilidades, foi a melhor opção.

Quero, com isso, apenas apontar possíveis caminhos de reflexão sobre o problema. Até porque meu intervalo acabou, e o João Daniel (meu jesuíta) me chama.

Antes de ir, porém, queria agradecer publicamente a minha irmã querida que, pacientemente, me revelou preciosos segredos sobre o misterioso mundo do html.

* vocabulário caboco da minha terra.
** o filme, aliás, estréia semana que vem. É o melhor dos últimos tempos!!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

30 reais a camisa...

eras... pois só porque a Ana me fez ficar duas horas TENTANDO ensinar a ela algo sobre html e porque nesse momento eu perdi totalmente o fio da meada com o trabalho que eu tinha que fazer, vou postar aqui....

e também porque eu não consegui tirar meu nome dali da barra lateral... ¬¬
mas o comment tá funcionando. antes era bug do blogger.

então. não tenho nenhuma receita que queira compartilhar no momento... na verdade eu não gosto de compartilhar as minhas receitas, embora as pessoas gostem muito delas.
então vou botar uma foto de outra coisa que é tão legal quanto comida:
louça.
:^}



Um auto-mimo de aniversário comprado com o dinheiro de alguns trabalhos suados.
muito fofa né?

Pois é...

camisas exclusivíssimas do Círio a 30 reais. edição limitadérrima da Nazica bombando geral na corda. últimas unidades. ;^}

sábado, 15 de setembro de 2007

memórias de emília

“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
(Monteiro Lobato, Memórias de Emília)

É que eu visitei o museu da língua portugues semana passada!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

SUPER HOMEM CONTRA A DIALÉTICA

Estrelando: Gilles Deleuze e Friedrich Hegel.
Participação especial de Friedrich Nietzsche como o Anticristo!


"Nós nunca vamos nos livrar de Deus enquanto acreditarmos na gramática!"


Não perca!
Em breve, em um cinema
perto de você!!


terça-feira, 11 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

o inevitável

O problema do inevitável é que é da natureza dele acontecer. Pode-se até adiar por alguns dias, por anos até, mas chega uma certa hora que pumba, ele inevitavelmente acontece. A dor, por exemplo, é inevitável, eu sei, mas algumas, por deus!!, são dispensáveis. Há dores que até fazem sentido, fazem amadurecer, compreender melhor a vida... ou sei lá o que, mas outras são absolutamente sem propósito, no entanto, doem latejado e profundo do mesmo jeito. São umas dores que até poderiam ser evitadas, contudo não se consegue. Talvez seja uma espécie de escolha, já que a dor é inevitável, melhor sofrer com uma que já se sabe como vai doer, já se tem até a manha pra agüentar. Sim, porque raramente se morre disso. E o mais irônico é que aquilo que por definição é inevitável na vida é a morte... (suspiro profundo)...

Eu sei que se arrependimento matasse, eu tinha acordado mortinha da silva! Menos mal que não mata.

Pra isso não tem receita que dê jeito, já experimentei várias coisas. Em todo caso, faça refeições leves e tome bastante água.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Alberto Caeiro

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

(o guardador de rebanhos)


Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,

Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Nós, como as árvores são árvores
E como os regatos são regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos...

E não nos dará mais nada, porque dar-nos mais seria tirar-nos mais.

domingo, 26 de agosto de 2007

mentiras e histórias de amor

"Porque é verdade. Mas não penses que te censuro. Se queres transformarte-te num homem de letras, e quem sabe um dia escrever Histórias, deves também mentir, e inventar histórias, senão tua História ficará monótona. Mas terás que fazê-lo com moderação. O mundo condena os mentirosos que só sabem mentir, até mesmo sobre coisas mínimas, e premia os poetas que mentem apenas sobre coisas grandiosas."
(Umberto Eco, in 4ª capa de Baudolino.)

Não li o livro, mas achei a orelha ótima!
Concordo com o Baudolino. Mentir é necessário às vezes, sobretudo pra quem escolhe contar histórias, mas não se pode ser desonesto. Há que se mentir honestamente, e isso é uma arte. Tenho uma prima que diz que nos casos de amor existem duas saídas, a verdade ou o silêncio. Também estou inteiramente de acordo. Se a verdade é insuportável ou terrivelmente inefável, escolha o silêncio, e o calar, meu amigo, também é uma arte! Mas não invente uma história para o seu amor, histórias são para as outras pessoas. Tenho uma outra amiga que diz que existem dois tipos de histórias de amor, as boas de contar e as boas de viver. Estas últimas quase sempre são enfadonhas para quem não está vivendo; justamente porque nelas não cabem as mentiras, nem mesmo as mentiras mais honestas, somente o amoroso e repetitivo cotidiano. Já nas histórias boas de contar, mente-se o tempo todo, mente-se inclusive pra si mesmo. Dão ótimos romances!
Pra terminar esse post que não tem a pretensão de concluir coisa alguma ou mesmo de ser coerente, queria citar o Sherlock Holmes que, em algum conto que já não lembro qual, sem querer, dá a dica pra contar uma história. Segundo ele, quando se elimina todo o impossível, o que resta, por mais improvável que pareça, deve ser a verdade. O improvável, as pessoas ouvem com desconfiança. Mas o impossível sempre dá boas histórias!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A Melhor Carne Assada do Mundo

(esse é o nome do prato)

Respondendo a pedidos, estou colocando no ar a receita da Melhor Carne Assada do Mundo!
É um título auto-explicativo, então, vamos lá!

Ingredientes:

1kg de lagarto, limpinho e com pouca gordura
1 lingüiça calabresa
3 dentes grandes de alho
1 colher de sobremesa de pimenta calabresa (2 se vc gostar bem picante)
1 colher de sobremesa de alecrim desidratado
1/2 xícara de vinho tinto suave
3 colheres de sopa transbordantes de azeite de oliva
Sal e pimenta do reino a gosto
1 cebola bem grande ou duas médias
3 colheres de sopa de açúcar

Modo de Fazer:

Com pelo menos 12 horas de antecedência, pegue a carne e enfie a faca de cozinha, horizontalmente, bem no meio da peça, fazendo um corte grande o suficiente para caber a lingüiça dentro. Enfie a lingüiça (sugiro que antes você coloque a lingüiça pra congelar, assim na hora de enfiar ela vai estar dura). Coloque a carne em uma vasilha que caiba na geladeira. Misture o alho esmagado, a pimenta calabresa, o alecrim, o vinho, o azeite, o sal e a pimenta do reino (esse é o vinhadalho). Faça vários furos pela carne (agora verticais) e encharque bem os furinhos com o vinhadalho. Derrame toda a mistura por cima da carne, passe filme plástico na vasilha e deixa na geladeira de um dia pro outro, ou o máximo que der.

Viram a lingüiça enfiada?

No outro dia, pique a cebola e refogue em uma panela de pressão com um pouco de óleo, quando ela estiver transparente, acrescente o açúcar, espere derreter. Coloque a carne com a gordura pra baixo e refogue. Vire a carne até que fique douradinha. Despeje o mistura do vinhadalho onde estava a carne, adicione água até cobrir a carne e fecha a panela. Deixe cozinhar na pressão por 1h ou até ficar macia. Destampe e leve novamente ao fogo até que o caldo fique grossinho.

Sirva com batatas ao forno, ou purê de mandioca, ou farofa... fica ótimo também como recheio de sanduíche!
(por duas vezes fiz essa receita, com a intenção de fotografar para colocar aqui, mas qdo fica pronta, quem disse que alguém lembra da câmera?)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

The Holiday

Miles: Why do I always fall for the bad girl?

Iris: You didn't know she was a bad girl.

Miles: I knew she wasn't good…Do you have anything a little bit stronger?

Iris: ...

Miles: Thank you. Let me rephrase this: why am I attracted to a person I know isn't good?

Iris: I happen to know the answer to this. You're hoping you're wrong. She does something that tells you she's no good, you ignore it. Every time she comes through and surprises you, she wins you over... and you lose that argument with yourself that she's not for you.

Miles: Exactly.

(….)

Iris: Listen, I know it's hard to believe people when they say, "l know how you feel." But I actually know how you feel. (…)

Iris: What I’m trying to say is: I understand feeling as small and as insignificant as humanly possible. How it can actually ache in places that you didn't know you had inside you. It doesn't matter how many new haircuts you get, or gyms you join, or how many glasses of chardonnay you drink with girlfriends. You still go to bed every night going over every detail and wonder what you did wrong, or how you could have misunderstood. And how in the hell, for that brief moment, you could think that you were that happy?... And sometimes you can even convince yourself that he'll see the light and show up at your door.
And after all that, however long "all that" may be, you'll go somewhere new. And you'll meet people who make you feel worthwhile again. And little pieces of your soul will finally come back. And all that fuzzy stuff, those years of your life that you wasted, that will eventually begin to fade…

Miles: ...

Iris: Well, fuck!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Prenúncio

“De todas as maneiras que há de amar, já nos machucamos.
Com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos.
Agora, já passa da hora.
Tá lindo lá fora.
Larga minha mão.
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado”

(chico buarque)


Abri a porta. Não acendi a luz. Acendi o fogo sob a leiteira. O coração aflito, a cidade quieta. Um pesadelo medonho, sofisticado, vinha me perturbando o sono...

Não chegava a ser um amor. Todavia, não consumado. Um acidente. Um desconsolo incompreensível. Um chuveiro no lado de fora numa casa de campo, o chão de madeira, a noite escura. Enquanto a água caía, o homem amado, morto e sujo de lama, vinha em minha direção. E no peito costurado e inerte pude deitar a cabeça.


Acordei chorando. Era um prenúncio, agora eu sabia.

E o cheiro de queimado me fazia lembrar o conselho: uma mulher aflita deve manter-se longe da cozinha.

Chocolate Quente

Apesar de ter queimado minha leiteira e quase posto fogo na casa, a receita é ótima! Aquece o coração, sobretudo se estiveres sozinha e aflita, sendo visitada por antigos fantasmas, vampiros ou mortos-vivos.


Ingredientes

500 ml de leite
1/2 lata leite condensado
100g chocolate meio amargo
1 colher (sopa) de conhaque
2 colheres (de sopa não mto cheias) de chocolate em pó
Canela
em pó ou pau (opcional)


Modo de Fazer

Corte o chocolate meio amargo em pedaços pequenos e derreta numa panela anti-aderente. Quando estiver derretido, misture o leite, o leite condensado, o chocolate em pó e ferva por alguns minutos, mexendo sempre. Deixe encorpar um pouco. Desligue o fogo, continue mexendo até amornar um pouco. Acrescente o conhaque. Sirva numa caneca grande. Mergulhe um pauzinho de canela ou polvilhe um pouco de canela em pó, se quiser.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

o existir

ah, a serenidade de se saber o porquê da vida e do uninverso...

terça-feira, 24 de julho de 2007

ser-se

“Aprendi a dizer, a curvar-me aos meus próprios desejos, a tirar com as mãos as ervas daninhas e pragas em volta da horta. Moldada no fogo do fogão a lenha, sou forte, caibo com conforto dentro da pele, digo com candura ou com espada o que penso.”
(papel manteiga para embrulhar segredos)
E conversei sem nenhuma outra intenção. Comedida mesmo, sem fazer charme. Mas chegou a hora em que os assuntos começaram a escassear. Mudou a atmosfera, mudou o humor. Estava decidida a não ficar com ele.
Daí silêncio. Daí olhos nos olhos. Ele perguntou o que eu estava pensando...
_ prefiro não dizer...
_ não quer materializar?...
_ eu quero!... mas também gosto do silêncio...
Daí calor... e beijo de esquimó. E nariz. E nariz. E beijo no rosto, e cheiro. E barba. Pouca barba. Ele segurou minha mão no peito dele. E carinho dele em mim. E respiração e coração batendo. Não me mexi pra ir lá beija-lo. E nem ele veio. A gente ficou assim, nesse namoro Eça de Queiroz. A gente desejava, mas num ia fazer. E nada precisava ser dito.
Então, alguém acendeu uma luz. Estava frio. Ele segurou minha mão em baixo do cobertor. E sono.
De novo, possibilidades. Fiz como era certo, não porque era certo, mas porque era o que eu queria. Nem fugi, nem me atirei desvairada. E me senti confortável dentro de mim. Eu fui eu mesma.

domingo, 22 de julho de 2007

Delicado, correto e saboroso

Ontem, encontrei alguém na estrada. Um encontro delicado, correto e saboroso, com gosto de café da tarde. E com muita conversa, como são os melhores encontros.

Bolo Delicado de Maçã e Castanha-do-Pará

Essa é uma receita deliciosa, como os encontros que acontecem sem pretensão.

Ingredientes:
4 maçãs
1 xic. de castanha do pará picada
4 ovos
1 e 1/5 xic. de açúcar
1 col. de chá de essência de baunilha

3 xic. de trigo com fermento

250 g
de margarina

açúcar e canela para polvilhar

Modo de fazer:
Antes de qualquer coisa, unte uma forma grande com margarina e trigo.
Descasque e pique as maçãs. Misture as maças picadas, a castanha e o açúcar. Deixe descansar por pelo menos uma hora, tempo suficiente para o açúcar derreter e criar um melaço.

Fica assim, ó:

Quando estiver bem derretido, misture delicadamente com o fouet os outros ingredientes, nessa ordem (pra quem não sabe o que é fouet ou não tem um em casa, pode ser a uma colher de pau mesmo): ovos (tire a pelinha da gema pro cheiro do ovo ficar menor), margarina, baunilha e trigo.
Coloque na assadeira untada. Misture açucar e canela e polvilhe por cima (seja generoso), leve ao forno pré-aquecido por cerca de 35 min, ou até o palito sair limpo.


quarta-feira, 11 de julho de 2007

"Gente que não mente nem quando precisa, pode causar profundos danos em corações sensíveis"
(papel manteiga para embrulhar segredos)

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Bolo Piscina


Tenho cozinhado tão pouco desde que o blog foi ao ar, que as idéias ficam todas na cabeça e não se tornam texto. Não sei se acontece com vocês. O Wittgenstein que teve um problema parecido, passou anos anotando coisas pra escrever um livro, mas seus pensamentos se recusavam a se deixar moldar num texto filosófico, ele, então, percebeu que o máximo que ia dar pra publicar eram anotações filosóficas. Eu li isso numa crônica do Rubem Alves.

Bom, mas esses dias fui em casa, visitar minhas pessoas, e cozinhei bastante. Até queimei a mão numa chaleira assassina e piro maníaca que tem lá em casa. Tenho uma lista enorme pra trazer pra cá, mas vou começar com o bolo piscina. Antes, queria ainda, fazer uma nota fúnebre... minha pimenteira morreu de saudade.

Mas vamos ao bolo. A receita é inventada a partir de uma receita da mãe de uma amiga minha que tinha uma doceria. Lá ela vendia esse bolo, que não se chamava assim, mas fiz imitando o dela que tinha uma piscina de cobertura no meio. Eu desconheço a receita original, mas ficou bem parecido. Na foto, a cobertura toda que enchia o buraco do meio, já tinha sido comida.


Ingredientes do bolo:

4 xíc. de trigo com fermento
4 ovos
250g de margarina
2 xíc. de açúcar
1 e ½ xíc de leite
1 xíc. de chocolate em pó
1 col. de chá de bicarbonato
Umas gotinhas de baunilha

Modo de fazer:

Pode ser batido na batedeira, mas eu prefiro bater bolo na mão.

Antes de qualquer coisa, unte uma forma redonda daquelas que tem um furo no meio (aí que vai ser a piscina) e acenda o forno baixo.

Misture os ovos, sem a pelezinha da gema*, o açúcar e a margarina e a baunilha. Depois acrescente o chocolate. Misture. Acrescente o leite. Misture. O trigo e o bicarbonato. Misture. Depois que puser o trigo, bata somente o suficiente pra misturar, mais que isso pode solar o bolo.

Leve ao forno. Aumente a temperatura pra média e não abara o forno de jeito nenhum (senão o bolo senta), até que sinta o aroma gostoso de bolo se espalhando pela cozinha. Mas cuidado, eu disse aroma gostoso de bolo, não cheiro de queimado. Deve levar uns 25-30 min, enfie um palito de dentes, se sair limpo o bolo está bom. Ainda quente, e sem desinformar, faça vários furinhos com um garfo e jogue delicadamente a calda. Espere esfriar antes de desinformar. Depois de frio, desinforme e derrame a abundante cobertura de modo que o buraco do meio seja completamente coberto.

*quebre os ovos, derrame toda a clara na vasilha e a gema na sua mão. Faça um furo na gema e espere derramar. É que é essa pelinha que faz o bolo ficar com cheiro forte de ovo (esse cheiro característico que certas comidas têm, como o ovo ou o peixe, chama pitiú)

Ingredientes da calda:

2 xíc. de leite
3 col. de sopa de chocolate em pó
1 col. de sopa rasa de margarina

Coloque tudo numa panela grande e leve ao fogo até levantar fervura.


Ingredientes da cobertura:

2 latas de leite condensado
1 lata de leite líquido
1 col de sopa (rasa) de margarina
4 col. de chocolate em pó

Coloque tudo em uma panela grande e leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Despeje delicadamente no bolo.

P.S.: Experimente fazer essa receita na véspera do dia de Sto. Antônio, 13/06, convide duas ou três amigas daquelas que conversam ininterruptamente para dormirem na sua casa. A meia noite, pontualmente, parta o bolo e faça um pedido. Se ele não se realizar, tudo bem, o importante é ter passado horas conversando com algumas das pessoas mais especiais do mundo.

sábado, 2 de junho de 2007

diálogo

_tu achas que eu sou demais?
_demais fresca?

_não...
_só porque gosto de geléia de pimenta?
_de comidas que ninguém sabe o nome...
_mas é que eu sou sofisticada, poxa.

_não tenho culpa se eu sou chique.
_Tiraste o embrulho?
_que embrulho?
_o daí de dentro, de novo...
_não, eu só coloquei o papelão... eu sou além de sofisticada, muito inteligente!
_ah, tá! e modesta.
_pois é, né?
_nem tanto...
_eu tenho muitas qualidades...

quarta-feira, 23 de maio de 2007

baba cósmica


Pra acalentar o coração na noite fria, bom mesmo é brigadeiro de colher com bolacha. Se tiver alguém pra dividir, então...

Ingredientes:

1lata de leite condensado

½ lata de leite liquido (mede na lata do condensado)

2 colheres (sopa) de chocolate em pó (pode ser nescau, mas nesse caso toddy é melhor)

1 colher (sobremesa) margarina

1 pacote de biscoito maisena

- coloca tudo, menos a bolacha, numa panela grande (tem que ser grande porque senão o leite transborda quando ferve), leva ao fogo e fica mexendo até ferver.

- continua mexendo porque demora um pouco pra dar o ponto. Quando começa a desgrudar do fundo pode desligar.

- tritura a bolacha numa vasilha separada e mistura no brigadeiro.

domingo, 20 de maio de 2007

O Tratado

"Ninguém conhece as receitas da felicidade. Na hora da infelicidade de nada servirão os mais elaborados cozinhados para satisfazer alguém. E até, se em algumas a tristeza é motor do apetite, não convém que nos dias de aflição se empanturrem de comida. Na infelicidade a comida não é assimilada e cria gordura. As mais saudáveis beberagens soltam sua peçonha quando preparadas por uma mulher aflita.

Saudável costume é o jejum nos dias de desgraça.

Contudo, no meu longo exercício com frutos e verduras, com ervas e raízes, com músculos e vísceras dos variados animalejos silvestres e domésticos, descobri às vezes caminhos de consolação. São cozimentos simples e de mínimo risco. Toma-os, porém, com cautela: os melhores remédios são veneno para alguns. Mas faz a prova, tenta. Não é bom que afagues passivamente a tua infelicidade. A tristeza entope. Busca o purgante das lágrimas, não fujas ao suor, e, depois do jejum, experimenta as minhas receitas.

É confusa a minha fórmula. Verifiquei que na minha arte poucas regras se cumprem. Desconfia de mim, não cozinhes as minhas poções se te assaltar a sombra de uma dúvida. Mas lê essa tentativa falaz de feitiçaria: o esconjuro, se servir, é apenas o seu som – o que cura é o ar que as palavras exalam.” (Faciolince, Héctor A. Receitas de Amor para Mulheres Tristes. Lisboa: Editorial Presença, 1999)


Antes de qualquer coisa, quero dizer que o nome do blog foi o Héctor Abad Faciolince, que é um poeta colombiano, que inventou. Ele não foi publicado no Brasil ainda (que eu saiba). Mas o seu Tratado de Culinaria para Mujeres Tristes, foi publicado em Portugal com o título menos legal de Receitas de Amor para Mulheres Tristes.

Entendo bastante de tristeza, um pouco de cozinha. Não sou poeta; me proponho simplesmente a compartilhar pensamentos e, talvez, algumas receitas.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

biblioteca

morangos com creme são sempre bem vindos...
sempre.



testando esse lay-out.

Testing with Big Tasty

Essa carne aí no meio é tipo churrasco.
Nunca coma porque é horrível. :^P