segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

o Próximo e o Si Mesmo

Desde ontem não sinto fome. Satisfeita, sem me sentir empanturrada, me peguei pensando sobre os mandamentos cristãos. É, eu sei, parece estranho que eu pense a respeito, mas eu penso bastante até.
Quando Jesus foi questionado sobre os mandamentos de Móises, ele simplificou a vida dos cristãos, sintetizando os dez em dois mandamentos: amar a deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amar a deus sobre todas as coisas já é bastante difícil, porque Deus, o Transcendente, fica lá no céu, e aqui na terra, a gente acaba amando muitas outras coisas. Mas amar ao próximo como a si mesmo... aff, é muito mais! Porque, diferente de Deus, o Transcendente, o Próximo tem pele, cheiro, voz, tato. E ele ri e põe a mão na nuca, e faz cara de mau. O Próximo é um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos, que causam no Si Mesmo, que também é um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos, uma série de reações adversas e caóticas. E às vezes o sujeito ama a Deus, o Transcendente, com todo o coração, e com toda a vontade e o entendimento, e se lança, inocente, a amar o Próximo como a si mesmo. Mas alguma coisa acontece, e o que era pra ser expressão de amor, magoa, porque afinal, o Si Mesmo se exprime através de um corpo biológico, sexuado, animado, com humores e temperamentos. E eu acrescentaria, ainda, com memória. E o Próximo, então, a quem o sujeito ama tanto, se vai triste e sem olhar pra trás...