sexta-feira, 27 de junho de 2008

Porque a Verdade é Filha do Tempo

Nunca fui muito de acreditar em astrologia (embora eu seja a sagitariana mais sagitariana que eu conheço!), mas aos 29, no retorno de saturno, decidi começar a viver.
Saturno, o planeta, leva uns 29-30 anos pra dar uma volta completa em torno do sol e voltar à mesma casa zodiacal em que estava quando a gente nasceu. Reza a lenda, então, que ele, que é o deus do tempo, retorna pra cobrar o que o sujeito fez com o tempo que lhe foi concedido de vida até ali... Tá, pode ser uma besteira, mas quem, no alto dos seus 29-30 anos não se está perguntando “que diabos eu fiz da minha vida??”

Pois é, o que temos feito com os nossos talentos?

Não vou filosofar sobre o tempo, mas ele é impressionante. Senhor austero, severo, ao mesmo tempo cândido e paciente. E não tem como enganá-lo, ele é um inventor que descobre a verdade pouco a pouco. Citando Sófocles, pra ficar um post bem metido:


Sim, o vasto Tempo, impossível de medir,
Faz aparecer as coisas que não eram aparentes,
Assim como esconde o que brilhava ao sol.

E ele come os próprios filhos!

(Goya, Saturno devorando a su hijo, 1820 – 1823, Museo del Prado, Madrid)

P.S.: Post escrito ao som de Nana Caymmi

Resposta ao tempo

Batdas na porta da frente
É o tempo

Eu bebo um pouquinho
Pra ter argumento
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei
Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer