sábado, 15 de setembro de 2007

memórias de emília

“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
(Monteiro Lobato, Memórias de Emília)

É que eu visitei o museu da língua portugues semana passada!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

SUPER HOMEM CONTRA A DIALÉTICA

Estrelando: Gilles Deleuze e Friedrich Hegel.
Participação especial de Friedrich Nietzsche como o Anticristo!


"Nós nunca vamos nos livrar de Deus enquanto acreditarmos na gramática!"


Não perca!
Em breve, em um cinema
perto de você!!


terça-feira, 11 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

o inevitável

O problema do inevitável é que é da natureza dele acontecer. Pode-se até adiar por alguns dias, por anos até, mas chega uma certa hora que pumba, ele inevitavelmente acontece. A dor, por exemplo, é inevitável, eu sei, mas algumas, por deus!!, são dispensáveis. Há dores que até fazem sentido, fazem amadurecer, compreender melhor a vida... ou sei lá o que, mas outras são absolutamente sem propósito, no entanto, doem latejado e profundo do mesmo jeito. São umas dores que até poderiam ser evitadas, contudo não se consegue. Talvez seja uma espécie de escolha, já que a dor é inevitável, melhor sofrer com uma que já se sabe como vai doer, já se tem até a manha pra agüentar. Sim, porque raramente se morre disso. E o mais irônico é que aquilo que por definição é inevitável na vida é a morte... (suspiro profundo)...

Eu sei que se arrependimento matasse, eu tinha acordado mortinha da silva! Menos mal que não mata.

Pra isso não tem receita que dê jeito, já experimentei várias coisas. Em todo caso, faça refeições leves e tome bastante água.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Alberto Caeiro

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

(o guardador de rebanhos)


Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,

Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Nós, como as árvores são árvores
E como os regatos são regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos...

E não nos dará mais nada, porque dar-nos mais seria tirar-nos mais.