segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Prenúncio

“De todas as maneiras que há de amar, já nos machucamos.
Com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos.
Agora, já passa da hora.
Tá lindo lá fora.
Larga minha mão.
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado”

(chico buarque)


Abri a porta. Não acendi a luz. Acendi o fogo sob a leiteira. O coração aflito, a cidade quieta. Um pesadelo medonho, sofisticado, vinha me perturbando o sono...

Não chegava a ser um amor. Todavia, não consumado. Um acidente. Um desconsolo incompreensível. Um chuveiro no lado de fora numa casa de campo, o chão de madeira, a noite escura. Enquanto a água caía, o homem amado, morto e sujo de lama, vinha em minha direção. E no peito costurado e inerte pude deitar a cabeça.


Acordei chorando. Era um prenúncio, agora eu sabia.

E o cheiro de queimado me fazia lembrar o conselho: uma mulher aflita deve manter-se longe da cozinha.

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