segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

quando viver é uma ordem

"Dentro do carro, passei alguns minutos em silêncio tentando entender se minha vontade de convidar Martín para subir comigo no quarto do hotel era absurda, patética, inoportuna, apressada, equivocada, insana, ridícula, vulgar ou aviltante. Há tantos adjetivos no mundo que em certas ocasiões fica impossível escolher apenas um. Ou talvez essa abundância toda ainda seja insuficiente e certas ocasiões, sentimentos e coisas sigam sendo inadjetiváveis.”
(Cordilheira, Daniel Galera)


Cheiro de livro novo. Capricho de fim de ano.

Porque de vez em quando somos tão severos com as pessoas, e elas nos amam tanto.
Porque fim de ano é difícil, ainda mais com o trânsito parado por causa da árvore de natal gigante.
Porque as pessoas sempre podem recusar um convite, mas quase sempre vale a pena correr o risco e convidar. Quase sempre.
Por essas e outras, e por me faltarem os adjetivos e mesmo os substantivos e verbos, que faço minha segunda citação no mesmo post:

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond Andrade)

2 comentários:

Vitor Bustamante disse...

Eu já citei esses do Drummond também... Desse post eu tiro a essência: "Porque de vez em quando somos tão severos com as pessoas, e elas nos amam tanto".

Carlos Vinagre disse...

Dia 23 de Dezembro,pelas 22 horas, apresentação do grupo e projecto Kronos e do seu livro, no Improviso Bar em Espinho.