(Negri, Antônio. Jó, a força de um escravo)
É paradoxal, mas o pior e o melhor de ser gente, e não deus, é a dor. É sem sentido, dói indescritivelmente (porque, de fato, num tem palavra pra descrever o que ela seja) e é inevitável. Não adianta beber, comer, gritar, dançar, dormir, brigar, se aborrecer, fugir, dissimular... nem morrer adianta! É bem verdade que dá pra viver anestesiado, muita gente vive assim, mas a dor fica lá, na espreita que o analgésico dê uma trégua. Não adianta blasfemar, meu amigo.
Não sei se anjo sente dor, mas eu que nunca fui anja, digo: é a dor que faz o homem (e a mulher, claro!). Mas que isso seja bem entendido, porque sofrer é odioso. A dor, ela é amável. Cruel e amável.
Quando, no meio da madrugada, a gente se depara com aquela dor de existir (e cada um sabe bem a dor da sua própria existência), não há nada a fazer, o melhor é render-se e reverenciar a vida. E tornar-se humano.
A dor humaniza, o sofrimento embrutece.
3 comentários:
Não gosto da dor... e nem estou disposto a ama-la ou render-me a ela... mas reconheço que ela é uma marca humana, contudo, não a criação toda sente dor... ela é uma conseqüência da vida...
Tão profundo este post, tuas palavras.Acho que vc está certa,é a dor o que nos humaniza e tb o amor, e a consciência da morte.Ser humano, o ser humano é a maior icógnita que um dia existiu.A maior pergunta, o maior senão e o maior porém.Para onde arrasteremos o nossos existir, o nosso porvir?Beijo meu.
Pois. É. Ana. Está no sofrimento é um problema. Está na dor não é problema algum, é só dor.
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