"É confusa a minha fórmula. Verifiquei que na minha arte poucas regras se cumprem. Desconfia de mim, não cozinhes as minhas poções se te assaltar a sombra de uma dúvida. Mas lê essa tentativa falaz de feitiçaria: o esconjuro, se servir, é apenas o seu som – o que cura é o ar que as palavras exalam.” (Héctor Faciolince)
domingo, 21 de dezembro de 2008
verdade, beleza, liberade e amor
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
quando viver é uma ordem
(Cordilheira, Daniel Galera)
Porque de vez em quando somos tão severos com as pessoas, e elas nos amam tanto.
Porque fim de ano é difícil, ainda mais com o trânsito parado por causa da árvore de natal gigante.
Porque as pessoas sempre podem recusar um convite, mas quase sempre vale a pena correr o risco e convidar. Quase sempre.
Por essas e outras, e por me faltarem os adjetivos e mesmo os substantivos e verbos, que faço minha segunda citação no mesmo post:
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond Andrade)
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
clarice lispector
Porque hoje Clarice faria 88...
“Ter nascido me estragou a saúde”
*
“Quem não é um acaso na vida?”
*
“Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada”
“Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece.”
*
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
*
“Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.”
“Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.”
“Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.”
*
“Gosto dos venenos os mais lentos!
As bebidas as mais fortes!
Dos cafes mais amargos!
E os delirios mais loucos.
Voce pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
E daí
eu adoro voar!!!”
*
“Perder-se também é caminho.”
*
“Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.”
P.S.: se alguém não entendeu, todas as frases são de Clarice Lispector.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Se ela fumasse, ia acender um cigarro e abrir uma cerveja. Como não fuma e não tem cerveja em casa, fez um chá. Chá não tem nada de baudelairiano!
Abriu a cortina. Noite longa e escura. Lembrou do poema do Robert Frost que leu esses dias...
The darkest evening of the year
(…)
The woods are lovely, dark and deep.
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.