_ É o amor.
_ Qual a coisa mais importante para uma pessoa como indivíduo?
_ É a solidão.
_ E o que é o amor, Nelson?
_ Eu sou um romântico num sentido quase caricatural. Acho que todo o amor é eterno e, se acaba, não era amor. Para mim, o amor continua além da vida e além da morte. Digo isso e sinto que se insinua nas minhas palavras um ridículo irresistível, mas vivo a confessar que o ridículo é uma das minhas dimensões mais válidas.
_ Nelson, você tem dado muitas entrevistas. Todas elas se parecem com esta?
_ Não, eu estou fazendo um esforço, um abnegado esforço, para não trapacear nem com você nem com o leitor.
É preciso dizer que, durante a entrevista toda, ele não sorriu nenhuma vez. Com a verdade grave não se sorri.
Mas Nelson não tinha dito o que queria quanto à pergunta: o que é o amor. Voltamos a ele.